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domingo, 31 de janeiro de 2016

Autonomia do professor sob risco



Estaríamos diante de uma ditadura camuflada? Penso eu.
Ouvi dizer que houve professores que estão retendo (este termo substitui o antigo chamado de reprovação) alunos para manter carga horária e até o local de trabalho. Não sei exatamente como tais conclusões foram feitas ou a partir de que tipo de informações que, antes de tudo, pressupõe uma falta de ética. Mas, vejamos minhas considerações:


Já afirmei que não gostaria de voltar a esse tema, mas é necessário alertar aos professores que podem estar sendo acusados de forma leviana por motivações diversas, entre as quais a famosa perseguição ou mesmo adequação necessárias ao cumprimento de amarras políticas (é bem sabido de todos que, em cidadezinhas assim como a nossa, há políticos que desejam fazer cumprimento de suas barganhas assistencialistas e propõem emprego e cargas horárias a professores que fazem parte da panelinha), coisa que não deveria acontecer no setor da educação por ser lesiva ao processo de aprendizagem dos alunos. Depois não se sabe (ou finge não saber) porque Portel aparece nos índices como Firjan ou mesmo IDH, sapecando o município, já combalido por práticas similares, ao fundo do poço, uma vergonha nacional. O poder, então estaria cegando nossos representantes sob o ponto de vista que receberam formação na área da educação?


Depois, uma vistoria pode e deve ser feita por profissionais competentes, avaliando os alunos, até porque estou sabendo de auxiliares administrativos ou secretários fazendo pré-matrícula, tirando a responsabilidade do professor e, especialmente, do diretor e seu coordenador pedagógico. Por que isso? Soa estranho para mim que um secretário vá de escola em escola fazer deduções incompletas, longe do alcance de uma análise situacional, dado a formação no campo pedagógico. Às vezes esse servidor nem sabe – digo isso porque vou a muitas reuniões e também fico sabendo dos horrores praticados em nome do desconhecimento - que hoje a educação está dividida em ciclos e que, ao final de cada um, há retenção, como é o caso do primeiro ciclo (1º, 2º e 3º anos), onde, caso o professor identifique que o aluno não tem condições mínimas de aprendizagem para seguir para o próximo nível (4º e 5º anos), deverá permanecer até completadas as competências e habilidades preconizadas pelo MEC. Deveria eu ser mais claro ou preciso desenhar?


Bem, é importante agora dizer aos incautos fazerem uma visita in loco e fazer um teste com os alunos, pois nenhum professor (exceto se for leso, mesmo) vai querer ver o seu fruto de trabalho de um ano inteiro ser jogado no lixo, junto com sua reputação, pois alta taxa de retenção é um dos indicadores de que a educação foi de péssima qualidade, sem querer entrar no mérito das várias nuances que encaminham para o tal fundo do poço, como, p. ex, a estrutura, a falta de merenda, o apoio pedagógico precário, falta de boa gestão, falta de combustível para transportar os alunos que pode encaminhar para o prejuízo nos dias letivos, conselho vagaba que não compra materiais para a escola proporcionar melhor atendimento aos alunos, início tardio no ano letivo, falta de formação adequada aos professores, coordenadores e diretores (estes geralmente indicados por pela politicagem, agem como se fossem milícias e não vêem no professor um parceiro. Aliás, friso como importante também a unidade dos membros da comunidade escolar, sobretudo porque tenho visto que a culpa só recai no pobre do professor, sem fazer considerações estas que fiz, em breves linhas por questão do espaço, sobre a qualidade da educação (leiam o diz Saviani, ícone na educação brasileira).


Doutro modo, também é válido uma conversa com o professor (muitos defenderão a visita em último lugar, considerando que o professor deve ser consultado antes, sob o prejuízo de cometer atos prejudiciais à educação como um todo), pois este possui a bagagem cultural, intelectual e de experiência para, alargada pela sua bagagem profissional, prestar esclarecimentos que, com certeza, já estão explícitas nos pareceres dos alunos, e o coordenador pedagógico (exceto se ele estiver lá apenas como figurante) deve ler esse material avaliativo (hoje, eminentemente qualitativo), podendo confrontar com as evidências colhidas, respeitando a autoridade e autonomia do professor, evidentemente.

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