Nossa luta pela transparência continua. Aqui você sabe quanto foi repasado à conta do FUNDEB

DO JUIZ AO RÉU, TODO MUNDO LÊ O BLOG EDUCADORES DE PORTEL

quinta-feira, 22 de outubro de 2015

A burundanga e a crise em Portel



Desta vez vou falar sobre crise, já que tá na moda, a começar pela Dilma que anda metida com gente do Petrolão e do Java Jato, com cortes na educação, na saúde, menos nos ministérios e na compra de caças suecos. Então, crise do lado de quem?

Peraí, que eu sou tremendamente desconfiado dessa onda de crise. Já no início da década de 90, quando se falava muito em inflação, os governantes da minha pobre e rica Portel camuflavam a miséria com festanças e inaugurações, ao que os críticos de plantão apelidaram de mel e pão. E tinha tudo pra ser verdade, pois o povo vivia na miséria e uma meia dúzia gozava (eu gosto desse termo, por alguma razão) do bem e do melhor. Propaganda de rádio e tv não existia, mas já havia o tal foguete ou pistola (tem lugares que chamam de rojão) e alguns caras bons de mídia do tipo rádio cipó, aquela do boca a boca.

Passados cerca de 17 anos e não se pode falar em crise em Portel, só crise nacional com Dilma como culpada. No Pará já foi dito que a crise não abala em nada. Pode uma coisa dessas? Portel e Pará agora não fazem mais parte do país administrado pela petralhada, essa que manda no IBAMA? Não que a rádio cipó não exista mais. Pelo contrário! É rádio cipó, rádio Arucará e televisão e a tal da Internet com assessores espalhando as coisas boas e dizendo novamente, no estilo dos anos 90, que está tudo bem, tudo Zen, não tem crise. Possivelmente com um belo salário depositado na conta e disponível todos os meses, não há crise mesmo.

Mas eu visito o povo do interior e lá encontro os pais putos de raiva. A razão é simples. Não tem combustível para fazer rodar embarcações que fazem o transporte escolar e remo não existe mais e ninguém mesmo quer usar canoa depois do aparecimento das rabetas. Logo surge alguém e, meio acanhado, explica que o PNATE só disponibiliza 136 mil reais por mês para bancar ônibus escolares (cerca de 11) e centenas de embarcações para transportar alunos e também outros especialmente destinados aos diretores e coordenadores – dizem que já chega a 600 mil reais no total -, tudo para entregar merenda e retornar imediatamente para a cidade, tanto que eu trombo com todos na cidade cotidianamente. Mas deixa pra lá essa crise de não trabalhar. Vamos ao que interessa.

Por outro lado, crise também pode ser  quando um governo começa a se deteriorar nas suas relações, surgindo grupos adversos insatisfeitos por razões diversas, não importando o grau de desgovernança que advém dessa peleja cujo primeiro sinal é a criação de uma subprefeitura. Um segundo gabinete é necessário porque ninguém é mais confiável. Sucedeu no governo de Nancy Guedes, que montou seu quartel general na famosa Nancylandia, que acaba sempre nas mãos de um prefeito (não é muita coincidência isso?); igualmente aconteceu com Renato Queiroz e depois com Elquias Monteiro, este brigado com seu vice, o inesquecível Raimundo Pereira.

É bom lembrar que todos diziam que as coisas andavam às mil maravilhas, entretanto havia uma quebradeira nas serrarias, AMACOL  já estava igual aquela loja que resolveu fechar uma porta para não parar de vez, reduzindo-se a uma serraria, mostrando que o fim é semelhante ao começo, pois foi dessa forma que a filial da Georgia Pacific começou nos anos 50. Se bem que um tucano chamado Fernando Henrique iria criar a tal da Bolsa Escola, que posteriormente virou Bolsa Família, já no governo de Lula. Viriam então municípios sobrevivendo de benefícios sociais à semelhança da assistência social, superando em muito a maior receita de um município com pouca ou nenhuma indústria que é o Fundo de Participação dos Municípios (FPM).

Lógico que tenho que manter um raciocínio ligeiro ao escrever esse texto, mas devo lembrar que quando o gestor começa a ficar sozinho ou porque não tem dinheiro ou ficou com o dinheiro para si sozinho, comendo só e nem sempre tão calado como deveria. Confesso ser difícil falar desses assuntos quando a maioria está embriagada pela crença de que tudo pode melhorar, mas é importante fixar uma coisa: recurso poderá surgir por meio de emendas, por exemplo, um milhão para uma creche e o gestor pega um pouquinho daqui e um pouquinho dali e a obra vai ficando cheia de mato, inacabada. Já viu no que tá dando?? É uma bomba-relógio!!

Hoje soube que os carros da infraestrutura estão parados por falta de combustível, ficando abalada a justificativa de que o valor do PNATE é somente de R$ 136.000,00 (cento e trinta e seis mil reais), pois esses veículos não são transporte escolar e que os únicos que funcionam são os carros de lixo, entre eles aquele trator do PRONAF (que o grupo de Pedro Barbosa tanto criticava no governo de Elquias e depois acabou fazendo a mesma coisa que é usar o carro destinado à roça para carregar lixo) que carrega lixo doméstico para o novo lixão a céu aberto. Procurei alguma postagem da assessoria de comunicação, tão garbosa em anunciar inaugurações, findando a busca em frustrações por não encontrar nenhuma explicação para algo que se assemelha a uma falência. Mas parece que tá todo mundo afetado pela Burundanga, a pior droga do mundo, capaz de bloquear o cérebro quanto ao que é certo e ao que é errado.

Hoje, ao citar em uma reunião sobre a falta de óleo para transporte dos alunos, a questão foi tratada como picuinha. Isso me irritou muito, sobretudo porque há inúmeras escolas paradas por falta desse combustível que move os barcos usados no transporte escolar. Nesse caso, a burundanga funciona mesmo e deixa o cérebro de indivíduos assim incapaz de pensar no bem estar alheio porque sua despensa está cheia, seus filhos estão estudando em Belém no conforto de uma casa na capital que não deve ter custado menos de 200 mil reais. Crise, portanto, só existe para alguns, esses do galho mais fraco.

Nenhum comentário: