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sábado, 13 de julho de 2013

U-15

Hoje cedo estive no Tracajá da Amazônia. Peraí! É um bar? Um restaurante? Não! É como é conhecido o navio da Marinha do Brasil, o U-15, que atua na Região Norte do Brasil, apoiando as ações de assistência hospitalar às populações ribeirinhas.

Eram cinco horas da madrugada quando eu me desloquei até o porto municipal de cargas, local onde está atracado o Navio Auxiliar. Havia pelo menos 50 pessoas, cujo número veio a aumentar com o passar das horas.
Marinheiros chegavam após uma noite de folga. Algumas namoradas até os levavam até o trapiche.
Quando deu seis horas, um marinheiro se aproximou e deu algumas instruções ao grupo que já passava de 60 pessoas.
Poucos minutos antes das sete horas, um oficial desceu a longa escada e forneceu instruções sobre a organização. Muitos ficaram furiosos ao perceberem que, de primeiro na fila, passaram a ser os últimos. Mas logo se acalmaram e a espera continuou.

Um grupo, dentro de alguns minutos, desceu com pranchetas e papéis nas mãos. Era a equipe que distribuía as senhas. A hora do atendimento se aproximava.

Logo entrávamos, cada segmento por sua vez. Ali eram vistos os senhores e senhoras que tratavam de suas aposentadorias. Também os que procuravam atendimento médico e, na que eu estava, os do tratamento odontológico.

No deck superior, cadeiras nos aguardavam e fomos conduzidos a sentar na área onde uma mocinha de pele alva reunia várias criancinhas para ensinar-lhes como escovar os dentes. Após entregar um kit contendo escovas e creme dental, mostrava às crianças enormes dentes de plástico e as crianças encenavam a escovação em frente a pequenos espelhos.

Interessante notar que não mais eram vistas pessoas da Secretaria de Assistência Social como nos anos passados. Ouvi comentários sobre essa mudança. Nos tempos passados, já havia uma lista prévia feita na secretaria de assistência social e algumas pessoas eram privilegiadas no atendimento. Hoje, vi que essa realidade é diferente, pois todos tiveram que enfrentar filas e assim foram atendidos igualitariamente.

Apesar de não ver as equipes da politicagem, algo estranho foi notado já a partir do momento do recebimento das senhas. É que o número de atendimento iniciava do 20 em diante. Talvez houvesse uma reserva, ou para dentro ou para fora de interessados. Não sei se o moreno que estava ao meu lado percebeu, mas ao entrarmos no consultório dentário, duas pessoas tinham sido atendidas. Uma criança de aproximadamente 10 anos de idade e um senhor de cerca de 30 anos. "Aí está os 'penetras'"pensei, uma vez que essas pessoas nunca estiveram na fila antes de entrar no navio. Agora me resta pensar que ou alguém do navio favoreceu a desigualdade ou políticos deram as senhas fora do navio com o consentimento de membros da tripulação.

Ali foi visto o famoso apresentador do SBT Pará, Nyelsen Martins que foi recebido como um galã de novela, com direito a fotos e muitos mimos por parte das mulheres. Longos abraços e conversas se entabularam até que o jornalista subiu as escadas e só foi visto no salão de atendimento. Entrevistou várias pessoas e oficiais.

Esta aventura só mostra que a população carece de meios mais eficazes de atendimento médico, odontológico, expedição de documentos (que não tem desta vez), aposentadoria, oftalmológico (que também não tem), dentre outros como mamografia. Ressalte-se que a minha crítica quanto às desigualdades sempre permearão meus textos, apesar de alguns (geralmente os beneficiados pelas desigualdades) me criticarão. Mas um dia essas pessoas dirão que eu estava certo, pois tem dias que o navio tomba pra direita e outras vezes tomba pra esquerda.



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